Todo garoto curte um bom som no
carro. Já fui assim, por isso não critico quem desfila pelas ruas ouvindo um
batidão. Apenas tenho pena dos seus ouvidos.
Quando tive o meu primeiro Fusca,
na década de 1980, não sosseguei até comprar um autêntico toca-fitas Roadstar integrado
com um poderoso amplificador Tojo, com sistema de gaveta e o tampão traseiro equipado
com poderosos autofalantes e twitters.
O conjunto clássico da época não
resistiu ao primeiro passeio na praia, em Ubatuba. Enquanto me divertia
curtindo as ondas, os malandros abriram meu carro e levaram tudo. Não deixaram
nem as roupas guardadas no inferninho.
A sensação de perda foi tão ruim
que nunca mais tive interesse em gastar mais que o básico em um som automotivo.
Ouço radiojornalismo na maior parte do tempo, por isso qualquer radinho com
AM/FM me serve. Reprodutor de MP3 é um luxo.
O problema é que estou na
contramão da maioria dos consumidores. O que costuma ser valorizado nos
aparelhos tem cada vez menos a ver com o que me interessa, a qualidade de
recepção do rádio. O AM está em fase de extinção, da mesma forma que já ocorreu
com as Ondas Curtas.
Hoje, os aparelhos nem são
chamados de rádios, mas reprodutores multimídia, capazes de tocar arquivos em
cartões de memória e dispositivos USB, com telas mais nítidas que a TV da minha
sala.
Os preços estão cada vez menores
e, talvez por isso, as grandes marcas deixaram de se interessar pelo mercado
automotivo. Se ainda mantém alguns produtos, reduziram a variação de modelos. O
que mais se encontra são os chineses genéricos com estampas de marcas
nacionais, sem tradição.
De uma forma quase instintiva,
guardei o melhor rádio automotivo que já tive, um Bosch San Francisco, retirado
antes de vender minha Belina Del Rey.
Quando comprei meu Fusca, tratei
de instalar meu Bosch. Ficaria uma perfeita combinação se o rádio não tivesse
se estragado com o tempo. Todos os leds acendem e a recepção em AM e OC
continua firme, mas o FM não funciona. Possivelmente os componentes eletrônicos
não resistiram ao guarda-roupas.
Desiludido, pesquisei um aparelho
novo. Nada parece ser bom, são frágeis. Estou certo que se não derreterem em
uma tarde de sol, a recepção não vai pegar qualquer estação que esteja fora dos
limites da minha cidade. Ouvir rádios como CBN ou Band News, de São Paulo, distantes
a 150Km, será impossível.
Fico triste por ver que a coisa
vai mal. Mesmo querendo e disposto a pagar, não encontro um bom produto. Já me
decidi, vou encontrar algum técnico para consertar o meu antigo rádio. Só
espero que ainda exista um profissional.
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