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quinta-feira, 24 de julho de 2014

Velocímetro

Como todos sabem, Fusca tem humor próprio, cada dia se manifesta de uma forma diferente.
O meu começou a falhar no velocímetro. Em alguns dias, saía e estava tudo bem, marcando a velocidade como sempre. Em outros, parava e não voltava, mesmo com meus apelos emocionais.
Apesar de saber que não iria resolver o problema, troquei o cabo, para deixar a consciência menos tensa. Ainda é fácil encontrar um bom cabo nas lojas e não custa caro. O serviço é bem tranquilo.
Mas o caso era mais grave. Meu velocímetro sofreu antes, pelo desleixo do dono anterior, por isso precisou da ajuda de um especialista.
E a mão de obra é a questão mais complicada. Na minha cidade, são poucos os profissionais disponíveis que conhecem esse tipo de serviço e não é fácil encontrá-los. Aliás, o plural nem é adequado.
Consulta na Internet não é uma opção. Caras antigos que trabalham com isso mal têm um telefone para contato, quanto mais um site. Nem pense em pagar o serviço com o cartão de débito ou crédito, só trabalham com dinheiro, talvez aceitem cheque de conhecidos.
Perguntando para um e outro, encontrei finalmente o Barbosa Velocímetro, com letras apagadas que indicavam ser especialista em VDO, a marca original do Fusca.
Como já passava do meio dia e o pátio estava cheio de vans, tive que voltar no dia seguinte, com a recomendação de chegar bem cedo, para garantir o atendimento.
Madruguei, mesmo assim, um cara que seguia pelo mesmo caminho, na minha frente, entrou no mesmo lugar e só pude ser atendido depois que o Renault Clio que ele dirigia teve o painel remontado, duas horas depois.
Na minha vez, o velocímetro foi retirado e levado para um "Laboratório", com entrada proibida. Só pude ouvir os barulhos que vinham daquela pequena oficina escura. Depois de um tempo, o "Seu Barbosa" saiu para me perguntar se eu me lembrava da quilometragem do carrinho, porque teve que zerar o hodômetro. Por sorte, tinha fotografado antes do conserto.
Mais uma hora de serviço secreto.
Na fila, caras igualmente ansiosos. Todos chegaram por indicação de outros profissionais. O que estava atrás, procurava consertar o velocímetro da sua F-1000. Foi encaminhado pelo funcionário da Ford, porque o cabo da sua caminhonete está fora do catálogo e não existe nem por encomenda.
Batemos um papo até que, finalmente, a porta do "Laboratório" é aberta e todos olham como se estivessem esperando pelo médico, depois de uma cirurgia.
Monta o equipamento no carro e me leva até o escritório, onde passa o preço para sua funcionária. Depois, volta para atender o próximo.
Agradeço e saio, confiante de que desse mal meu Fusca não vai mais sofrer.
Vou incluir o "Seu Barbosa" nas minhas orações. Doutores como ele estão cada vez mais raros.






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