Todo mundo já
teve um Fusca. Essa verdade valeu como absoluta até ele sair de cena,
transformando o antigo trânsito colorido em um mar de prata, cinza e preto.
Tanto tempo depois
de o último ser fabricado, muitos Fuscas ainda persistem pelas ruas, recebendo
a atenção de quem guarda boas histórias com ele. Até as crianças esticam seus
dedinhos para apontar o carrinho.
A presença no
asfalto se deve pela robustez, um conceito antiquado e indesejável pela
indústria moderna, ocupada em projetar coisas que se acabam com maior
facilidade, para que continue a produzir.
Por isso, não
pense que seu lindo carro zero irá durar por muito tempo. Talvez você o aguente
por uns 5 anos, até dispensá-lo, com chances do usado passar de mão em mão até virar
sucata, depois de umas 15 ou 20 primaveras. A roda da economia precisa girar e
a natureza que se lasque. Nessa conta, entra fácil o novo Fusca, que do velho
só carrega a lembrança das curvas.
Não acredite,
com isso, que sou contra a evolução das coisas, só não gosto dessa conta que
não fecha, já que os recursos não duram para sempre. Fico arrepiado de pensar
onde isso vai dar.
Concordo,
porém, que os carros modernos estão na frente dos que eram produzidos há 20
anos. São mais econômicos, racionais e seguros. Mas você deve concordar, também,
que logo eles devem sair de cena, condenados a virar lixo, em troca de outros ainda
mais econômicos, racionais e seguros.
Não dá para
resistir. Tudo muda e é verdade que em breve o Fusca estará apenas nas
fotografias dos álbuns de família.
Até quando?
Difícil dizer. Por isso, não duvido que lá na frente, um desses carros do
futuro tenha a janela manchada com o dedinho curioso de uma criança, apontando
um Fusca, conduzido por um motorista feliz.
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